Por Leonídio Gaede
Considero o equilíbrio sobre
duas pernas uma grande façanha do ser humano. Pode estar nisso não só um
princípio de sobrevivência, mas também de aperfeiçoamento do viver. Uma mistura
de motivos tornou-nos bípedes. A necessidade de disputar alimento é um deles. Enfrentar
concorrentes e predadores adaptou nosso corpo à prática de apanhar frutas no
pé, ampliando a fronteira do mercado de oferta do alimento e adquirindo
vantagem sobre seres que permaneciam restritos ao ato de comer frutas do chão.
Além disso, erguer a parte dianteira do corpo
mais que dobrou a nossa estatura. Isso ampliou o campo de visão enormemente.
Passamos a olhar por cima do capim da savana e vislumbramos nosso inimigo
predador a uma distância maior. Isso desenvolveu a reflexão sobre o leque de
possibilidades de nossas ações: enfrentar, afastar, desviar ou esconder.
Em terceiro
lugar, colocar-se de pé modificou a estrutura do pescoço e da coluna vertebral.
Segurar a cabeça com o pescoço em posição vertical possibilitou modificações
que sofisticaram a emissão de sons. Isso se associou à liberação da língua do
bruto serviço de catar alimento, coisa assumida pelas mãos. Encurtando o caso, desenvolvemos
nosso corpo e nossa mente por um misto de necessidades e novas perspectivas.
Temos a
forma que temos por causa da necessidade do movimento. A forma de forquilha com
duas fortes articulações no vértice, envolvendo os dois ossos mais longos e uma
forte bacia de encaixe, só faz sentido com o imperativo do movimento. Dizer não
ao movimento quer, por isso, dizer agir contra a natureza. As aves também se
tornaram bípedes quando destinaram os membros superiores ao voo. Elas, porém,
não têm o final do tubo digestivo e nem do aparelho reprodutor entre as pernas
na parte inferior do corpo. A complexidade da musculatura que nas aves foi para
as asas, para nós foi para o assoalho pélvico. Nosso movimento de pernas
desenvolve a musculatura dessa área de tal forma que adquirimos um assoalho
capaz de resistir à pressão que vem de cima devido ao nosso corpo ereto. Essa
desvantagem de carregar a pressão que vem de cima é muito pequena, tendo em
vista a grande vantagem que adquirimos com a possibilidade do movimento em
relação à pressão que vinha dos lados, de nossos concorrentes e predadores.
Não só a
forma do corpo, mas também o regime alimentar que adotamos é adaptado à
necessidade do movimento. Ingerimos alimentos para constituir-se em energia a
ser consumida pelo movimento. Não havendo este, os alimentos tendem a
encapsular nossas vísceras com gordura.
Não procuro provar a cientificidade do que acabo de afirmar acima. Só sei que o neurobiólogo Humberto Maturana, chileno, com o seu jeito de aplicar psicologia à biologia, convenceu-me a ser um corredor de rua. Para ser isso, a convicção se faz necessária. Ela constrói a força de vontade. Drauzio Varella diz que não costuma alongar-se antes de sua corrida matinal, pois ficar esse momento por aí poderia representar o risco de voltar para a cama. É mais ou menos isso. Há mais de dez anos, meu relógio desperta-me às 6h da manhã e ainda o mantenho longe da cabeceira da cama para não correr o risco de desliga-lo e voltar a dormir. Também por isso busquei reforçar minha convicção com a reflexão sobre as primícias da vida que pertencem ao Senhor com base em textos como, por exemplo, Provérbios 3.9 e Romanos 11.16. Resolvi ofertar os primeiros 10 por cento das horas do meu dia na forma de atividades que mantêm e melhoram a obra de Deus que é a minha vida. Assim veio a convicção. Ela só, porém, não bastou. Depois dela veio o reforço da sensação de prazer. Toda corrida é seguida de uma enorme sensação de prazer. Querer voltar a ter essa sensação, que acrescenta qualidade de vida ao dia, faz a gente voltar a correr no dia seguinte. Em terceiro lugar, estão os resultados. Entre estes, os clínicos são importantes. É compensador receber apenas elogios do médico que analisa o resultado da bateria de exames do check-up.
Não procuro provar a cientificidade do que acabo de afirmar acima. Só sei que o neurobiólogo Humberto Maturana, chileno, com o seu jeito de aplicar psicologia à biologia, convenceu-me a ser um corredor de rua. Para ser isso, a convicção se faz necessária. Ela constrói a força de vontade. Drauzio Varella diz que não costuma alongar-se antes de sua corrida matinal, pois ficar esse momento por aí poderia representar o risco de voltar para a cama. É mais ou menos isso. Há mais de dez anos, meu relógio desperta-me às 6h da manhã e ainda o mantenho longe da cabeceira da cama para não correr o risco de desliga-lo e voltar a dormir. Também por isso busquei reforçar minha convicção com a reflexão sobre as primícias da vida que pertencem ao Senhor com base em textos como, por exemplo, Provérbios 3.9 e Romanos 11.16. Resolvi ofertar os primeiros 10 por cento das horas do meu dia na forma de atividades que mantêm e melhoram a obra de Deus que é a minha vida. Assim veio a convicção. Ela só, porém, não bastou. Depois dela veio o reforço da sensação de prazer. Toda corrida é seguida de uma enorme sensação de prazer. Querer voltar a ter essa sensação, que acrescenta qualidade de vida ao dia, faz a gente voltar a correr no dia seguinte. Em terceiro lugar, estão os resultados. Entre estes, os clínicos são importantes. É compensador receber apenas elogios do médico que analisa o resultado da bateria de exames do check-up.
Há, porém, outros
resultados igualmente gratificantes que interferem na qualidade de vida: o bom
funcionamento intestinal, a manutenção da boa percepção de lateralidade, o equilíbrio
e a noção de distância, coisas que tendem a diminuir com o avanço da idade.
Também a capacidade de concentração e a paciência são desenvolvidas pelo hábito
da corrida. Afinal de contas, nem sei o que exige mais nesse nosso modelo de
vida comandado pela pressa: resistir fisicamente numa maratona ou ter paciência
de repetir ininterruptamente o mesmo movimento durante duas horas, como foi o
caso da minha última meia maratona em Tubarão (SC).
LEONÍDIO
GAEDE é teólogo, mestre em
Teologia
e ministro da IECLB em Itati (RS)
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