sábado, 9 de fevereiro de 2019

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Sinais apostólicos na igreja de hoje?


Leonídio Gaede

Através da atuação de Jesus em nosso mundo, aconteceram curas. As pessoas que ele enviou seguiram a missão e curas continuaram acontecendo. É, pois, plenamente aceitável a afirmação de que toda igreja cristã inclui naturalmente a cura como tema e prática nos seus ensinamentos e na sua atuação. Na IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, quando o tema e a proposta de ação são cura, o discurso, e oxalá também a prática, têm se aproximado daquilo que expressa a palavra cuidado.

Na verdade, como pode ser confirmado pela internet, diversas instituições eclesiásticas já lançaram ações estruturadas, projetos ou programas, que em sua definição incluíram a palavra cuidado, tendo como público alvo comunidades ou grupos comunitários constituídos. Evidentemente, qualquer grupo, independente da finalidade para a qual é formado, encontrará razões para falar de cuidado, de ter cuidado e de cuidar. Afinal de contas, quem e o que não necessita de cuidado? Uma planta, um livro, um animal, uma pessoa, mais que necessitam, merecem cuidado. É, pois, oportuno que instituições estruturem ações que levem em sua concepção uma noção de cuidado e, consequentemente, carreguem em seu nome a palavra cuidado.

No contexto da proposta de cura, tem aparecido a expressão igreja do cuidado. E neste contexto a institucionalização oferece algum risco de desvirtuar a radicalidade da proposta do cuidado como cura. O cuidado como proposta de cura tem a sua raiz na concepção de igreja expressa pelo termo eclesia. Esta palavra designa uma igreja com letra minúscula, pois lembra os seguidores e as seguidoras de Cristo que formaram uma assembleia depois que vivenciaram os acontecimentos da morte, ressurreição e ascensão. Reunindo-se em assembleia, habituaram-se à reunião e à vida comunitária, com o desejo de matar a saudade da convivência com Jesus de Nazaré. Assim, a igreja do cuidado é formada por aquelas pessoas que ainda hoje se reúnem para matar a saudade daquele jeito de viver que Jesus iniciou aqui em nosso mundo.

Para nos aproximarmos desta concepção de igreja que cura através do cuidado, porque tem sua raiz no jeito de viver de Jesus, sugerimos uma nova tradução para a famosa frase “cogito ergo sum” do filósofo René Descartes.  A tradução mormente conhecida como “penso logo existo” transforma-se em “cuido logo sou”. Fundamenta-se tal tradução na ideia de que cogitar não quer só dizer pensar, mas quer dizer agitar o espírito e deter-se com esmero. Cogitar significa agitar-se com a probabilidade da realização do que está em foco. Para compreende-lo, podemos dizer inversamente que as nossas obras realizadas sem cuidado são realizações não cogitadas.

A frase do filósofo entra em cena aqui porque os quatro evangelhos do Segundo Testamento apresentam Jesus como quem ensina que o ser próprio vem da promoção do ser alheio. Isto é uma cogitação totalmente avessa às filosofias populares que hoje correm as ruas, afirmando, por exemplo, que “cada macaco cuida de seu rabo” ou que deve valer “cada um por si e Deus por todos”. Filosofias assim fundamentam muitos empreendimentos, como empresa de vigilância, guarda particular, carro blindado, colete à prova de bala, cerca eletrificada, cão bravo, guarita, circuito de câmeras, seguro de vida, guarda de rua, alarmes, porta giratória, pé de coelho, folha de arruda, colar de santo protetor, etc. Ao contrário disso, Cristo ensina que uma pessoa será, se outra pessoa for. Ou mais que isso: a outra pessoa sendo é que fará alguém ser. A partir daí, podemos supor que Jesus, se tal tivesse existido, seria adepto de uma filosofia que ensinasse que eu sou se cuido, ou, simplesmente cuido logo sou. Jesus, por exemplo, ensina nos evangelhos que quem perde a sua vida por causa dele, a encontra (Mateus 16.25); que quem quer segui-lo, deve negar a si próprio (v.24).  O evangelho apresenta em seu texto imediatamente anterior que Jesus repreende Pedro por este não cogitar (cf. a tradução de Almeida) com a mentalidade de Deus, mas com a mentalidade de seres humanos. O termo grego para a palavra que Almeida traduz como cogita é fronéo, que significa algo como ponderar cuidadosamente. Em língua alemã o termo é bedacht, algo como o ato de debruçar-se em reflexão sobre algo. Tanto no evangelho de Mateus 16 como em João 21.15, Pedro encontra-se na situação de só conseguir cogitar na dimensão de filéo. Este é o termo grego para designar o amor recíproco possível aos humanos simplesmente por causa de sua humanidade. A raiz deste termo está, por exemplo, presente na palavra grega que designa os beijinhos trocados quando duas pessoas amigas se encontram ou se despedem. É, portanto, o amor da troca de bondade. Pedro, ao responder as perguntas de Jesus, usa este termo para dizer de qual amor ele é capaz. Ele constata, portanto, que não está em condições de cogitar na dimensão de agapáo, (a bondade prestada sem esperar troco), que é o termo usado por Jesus na primeira e na segunda pergunta dirigida a Pedro (João 21.15-17). Quando se fala em ágape, trata-se do amor incondicional unidirecional, portanto, sem retorno esperado, e que é próprio do amor divino, revelado em Jesus Cristo. Isto seria também próprio de uma filosofia do tipo cuido logo sou, isto é, seria próprio do reconhecimento de que só serei, se cuidar.

Assim podemos afirmar com certeza que em sua radicalidade uma concepção de igreja do cuidado está vinculada ao amor incondicional de Cristo. A radicalidade da igreja do cuidado, isto é, a sua raiz está na fé pentecostal que, logo depois da experiência frustrante da morte de Jesus, transformou a saudade da comunhão com ele em uma assembleia celebrante de vida e praticante de uma diaconia unidirecional. A eclesia, portanto, mais que uma boa ação sem troco, é uma ação que identifica e distingue a obra de Cristo diante do que se tenta humanamente realizar. Agora está fácil de concluir que é impossível institucionalizar a igreja do cuidado. A fé em Jesus Cristo, porém, transforma-se em ação onde atua o Espírito Santo e torna-se visível através de sinais. E para falar de sinais, precisamos recorrer a outro termo bíblico, que é semeion. Esta é a palavra usada pela Bíblia para falar do que a eclesia fez depois de ter começado a se reunir em assembleia para matar a saudade do jeito de viver a que tinham se acostumado na convivência com Jesus de Nazaré. Semeion quer dizer “sinais identificadores e distinguidores de algo ou alguém”. Onde está a igreja do cuidado? Ela está onde há semeion.

Os Sinais

Os apóstolos tornaram-se operadores de sinais.  O livro de Atos dos Apóstolos testemunha isso. Para compreender o que são os sinais, vamos nos ater ao seu capítulo 8. Vamos usar a palavra portuguesa sinal. Não devemos, porém, esquecer que ela é generalizante e abre muito o leque de interpretação de seu significado. Pode ser sinal de alerta, sinal como marca do tempo, sinal como aviso, sinal como prenúncio, etc. Enquanto isso, o termo bíblico semeion é apenas e ao mesmo tempo, identificação e distinção. É um sinal que revela a identidade e a distingue de outras. Revelar a identidade quer dizer não deixar dúvida de que se trata da obra de Cristo. Distinguir quer dizer que se trata de um diferencial em relação a obras humanas pretensamente equivalentes. Neste sentido, os sinais são obras das quais a assistência social só consegue dar conta em parte. Por isso a pergunta qual a diferença entre assistência social e diaconia pode ser respondida assim: a diaconia inclui a dimensão dos sinais. Enquanto isso a assistência social é “política de seguridade social não contributiva que prove os mínimos sociais” (LOAS, Art. 1º)

Como dito acima, a igreja do cuidado tem a sua radicalidade nos sinais apostólicos. Vejamos quais são as principais raízes a partir do capítulo 8 do livro de Atos dos Apóstolos:
1)     
Os sinais apostólicos se realizam com o uso da palavra. Não se trata, porém, de simples palavra, mas de palavra com novidade. Isto, em última análise, é proclamação do evangelho. Atos 8.4 narra que a igreja foi dispersa. Institucional e humanamente, a assembleia foi desfeita. A igreja do cuidado daqueles primeiros seguidores e seguidoras de Jesus foi impedida de funcionar. E foi justamente neste impedimento que a palavra com novidade foi pregada. Assim como por ocasião da morte de Jesus Cristo, a frustração foi transformada em assembleia celebrante de vida, agora, na perseguição que dispersou, foi pregado o evangelho. Por isso a igreja do cuidado não rima com uma concepção paternalista de cuidado. Erroneamente poderia se pensar que as pessoas pobres estão fragilizadas pelas mazelas da vida por isso precisam de caridade das comunidades cristãs. Esta seria uma igreja do coitado e não uma igreja do cuidado. Existiu um protagonismo teológico naquela igreja. Ela não se deixou pautar pela maior adversidade, a perseguição. O coitadismo, pelo contrário, faria da perseguição a temática central de sua existência. A igreja do cuidado, porém, percebeu que ser dispersa era condição favorável ao alastramento daquilo que precisava exatamente de uma região nova para se tornar uma boa nova, o Evangelho. O versículo 14 do mesmo capítulo 8 de Atos dos Apóstolos fala que quando os apóstolos em Jerusalém ficaram sabendo que em Samaria o evangelho estava sendo pregado, enviaram para lá Pedro e João. Lá eles impuseram as mãos sobre os ouvintes para que estes recebessem o Espírito Santo. Aí temos mais uma informação sobre a característica da identificação e distinção dos sinais apostólicos. O cuidado inclui, além da obra e da pregação, o espírito. Sem o evangelho e aquele espírito de Cristo, que chamamos de cuido logo sou, a obra do cuidado se transforma em obra de Simão, o mágico (Atos 8.9ss). Temos assim a informação de que, em primeiro lugar, a realização dos sinais inclui a pregação do evangelho e, em segundo lugar, o dom do espírito de Cristo, o espírito sou se cuido. Em terceiro lugar, em Atos capítulo 8 temos a informação de que a realização dos sinais inclui a leitura e a interpretação da história, do Primeiro Testamento, pelo crivo da igreja, da assembleia que mata a saudade da convivência com o jeito de viver de Jesus de Nazaré. O versículo 35 do capítulo 8 nos conta que Felipe anunciou Jesus a partir de um texto do Primeiro Testamento. Da realização dos sinais faz parte, portanto, reler o passado sob a ótica do que nos veio através de Cristo.

2)      Os sinais apostólicos priorizam a inclusão das pessoas. O capítulo 8 de Atos dos Apóstolos testemunha isto em diversos momentos. A inclusão de Simão, o mágico (v. 9ss), é um caso expressivo. Ele é incluído na comunidade das pessoas que seguem Jesus Cristo, apesar de ter um passado que o condena como feiticeiro que enganou o povo. Ele é batizado antes de receber o espírito cuido logo sou. Também as pessoas de Samaria, citadas a partir do v.14, foram incluídas através do batismo e só depois receberam o espírito da eclesia. E, em terceiro lugar, o alto funcionário da Etiópia foi incluído na assembleia das pessoas que celebravam a saudade do jeito de viver, aprendido na convivência com Jesus de Nazaré, apesar de ter seguido a sua viagem de volta para a Etiópia (v. 39). No caso do etíope, a igreja do cuidado inaugura um novo estágio de pertença, quando a inclusão passa a não mais exigir necessariamente a presença física. O alto funcionário afastou-se, viajando para a sua terra, e continuou pertencendo à eclesia.

3)      Os sinais apostólicos empoderam. Esse empoderamento dá-se através do espírito cuido logo sou. Este espírito empodera a igreja do cuidado porque esta não tem sobre si o enorme peso do autocuidado que algumas igrejas de hoje carregam, quando dispensam enorme zelo e dedicação à tradição de valores culturais inseridos no bojo da sua origem étnica. Que belo e competente trabalho realizam comunidades religiosas no contexto do novo mundo, resgatando, conservando e renovando valores culturais que gerações passadas trouxeram há séculos do velho mundo. Isto, no entanto, confere às mesmas comunidades a característica de, como talvez dissesse Lutero hoje, “encurvadas em si” ou, como diz Daniel C. Beros no livro Radicalizando a Reforma (Editora Sinodal, EST, CAPES. São Leopoldo, 2017) “negadora de “outridades”” (p. 40). Enquanto isso, o espírito da assembleia das pessoas que tinham saudade da convivência com o jeito de viver, aprendido de Jesus de Nazaré, garante o seu próprio ser, cuidando não de si, mas andando na revelação da justiça alheia. A loucura da cruz (1 Coríntios 1.18) cura a nossa loucura de encurvados em nós. A libertação do deus Narciso é um dos sinais apostólicos e fator de empoderamento para a prática terapêutica da eclesia. Quando esta questão se esclarece, compreende-se porque os dispersos pela perseguição, relatada em Atos 8, não se recolheram, mas se empenharam na afirmação de “outridades” ou da “iustitia aliena”. O texto afirma que “aqueles que tinham sido espalhados anunciavam o evangelho por toda parte” (v.4). Em segundo lugar, Atos 8 continua reforçando que o empoderamento é um dos sinais apostólicos, dizendo que os apóstolos de Jerusalém mandaram Pedro e João para a Samaria (v.14). Ora, sair da Judeia e ir para a Samaria, significava sair de si e ir para outros.  Em terceiro lugar está a afirmação de que Simão, que já tinha sido batizado, mas ainda não tinha recebido o espírito da igreja do cuidado, quis comprar o poder do espírito cuido logo sou (v.18). Quis compra-lo justamente porque ainda não entendia que esse poder era concedido na prática da eclesia. E em quarto lugar, o texto nos informa que o alto funcionário da rainha da Etiópia foi embora para a sua terra “cheio de alegria” (v. 39), isto é, empoderado.

Resumindo, a novidade da palavra, a inclusão e o empoderamento formam o trinômio dos sinais apostólicos - os semeion - que tornam a cura possível. Os três processos estão aliados ao espírito cuido logo sou da igreja - a eclesia - que existe por causa da saudade da convivência com o jeito de ser de Jesus de Nazaré. Alguém poderá perguntar: a cura não necessita da fé? Sim, necessita. A fé é a saudade da convivência com Jesus transformada em eclesia. Aquela fé da qual Jesus fala “vai a tua fé te curou” é a fé da boa nova, da inclusão e do empoderamento. Ela só pode ser solidária e nunca solitária, pois baseia-se no espírito cuido logo sou, que é o espírito da eclesia.
Com base nesta compreensão, podemos relatar experiências de cura numa igreja do cuidado nos dias de hoje. Esta igreja não pode ser circunscrita por divisórias institucionais. Ela é a igreja invisível de Jesus, que continua existindo por causa da força espiritual cuido logo sou, força fundadora da eclesia, que surge de uma saudade capaz de criar assembleia que celebra a vida em contexto de morte.

Programa Jejum e Desintoxicação

Uma sociedade consumista está repleta de variados espíritos. Um deles é o espírito salve-se a si mesmo. Não se trata de um espírito novo, pois ele já foi oferecido a Jesus preso à cruz. Trata-se de um espírito, grande fonte de ansiedade, que ultrapassa épocas e sistemas. Buscar a salvação própria cria ansiedade, necessidade de penitência e até autoflagelo, como testemunhou Lutero antes de sua descoberta a partir de Romanos 1.17. Sabemos que espíritos assim fazem exigências. Uma das exigências do espírito salve-se a si mesmo é comer excessivamente. Podemos dizer que cultura ocidental rima com cultura estomacal. Grande parte do tempo comercial dos meios de comunicação de massa versa sobre comida, além de longos programas sobre o seu preparo. Na política a comida é unanimidade entre esquerda e direita. Ambas realizam suas comemorações com comida. No cristianismo, denominações tradicionais e novas manifestações carismáticas, pentecostais e neopentecostais divergem quanto ao vestir e ao beber, mas convergem quanto ao comer. O compartilhamento de imagens nas redes sociais versa centralmente sobre o tema da comida farta. Um grande sorvete, um bolo de aniversário, uma carne assada, tudo é motivo para fotografar e compartilhar na internet.

O programa Jejum e desintoxicação está há 28 anos procurando substituir o espírito salve-se a si mesmo pelo espírito cuido logo sou. Pretende ser sinal apostólico da nova palavra, da inclusão e do empoderamento.

O jejum tem um valor inestimável como fonte de saúde para o organismo humano. É um tempo que é dado aos órgãos internos para descanso e regeneração. Nesse período ingere-se muita água, sucos, frutas variadas, além de caldos de hortaliças e infusão de ervas. O fundamental para a cura de muitas doenças é a reconstituição celular do corpo. O jejum é um forte aliado na luta contra a prisão de ventre, que é inimiga da reconstituição celular. O Jejum deixa o organismo descansar do trabalho digestivo diário e assim as energias corporais passam a atuar nas funções de eliminação e purificação. Pode-se dizer que a vida é resultado de um duplo processo: nutrição e eliminação. No jejum a nutrição é suprimida e a eliminação ativada. Sem receber a alimentação costumeira, o corpo vai iniciar uma luta para conseguir glicose para o cérebro. Nessa batalha vai queimar energia e, no terceiro dia de jejum, inicia a queima de gorduras, ocorrendo a desintoxicação. As toxinas, armazenadas na gordura, com a queima, passam para a corrente sanguínea e, através do fígado e dos rins, são eliminadas em meio a tantos líquidos ingeridos no período. Por essa razão o jejum constitui-se no processo de purificação mais simples e eficaz em pessoas adultas. É indicado em estado agudo e crônico de doenças e serve como caminho natural de restauração da saúde.

O programa é desenvolvido em qualquer comunidade que organiza a inscrição de pessoas interessadas, destina um local apropriado para o alojamento do grupo e convida a coordenadora para a sua execução, que, via de regra, inicia na segunda e termina na sexta-feira sempre ao meio-dia. O jejum praticado é parcial, as pessoas participantes abstêm-se de alimentos convencionais e passam a seguir rigorosamente a dieta proposta.

Irene Schnepfleitner, da OASE – Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas de Santo Ângelo – RS,  escreve: “Fazer um Jejum e Desintoxicação anual é o momento de parar, refletir e perguntar: O que faço por minha vida, minha saúde e meu bem-estar? Para mim, participar desse programa é um presente e uma oportunidade de cuidar do físico, psicológico e espiritual. Fazem 9 anos que participo desse programa anualmente. Melhorei meus hábitos alimentares e cada ano renovo e amplio meus conhecimentos sobre o cuidado com a saúde. É muito saudável dar essa parada também para rever valores e pensar sobre o ditado popular: nós morremos pela boca. Muitas coisas contribuem para que nos intoxiquemos: os alimentos transgênicos, pesticidas, agrotóxicos, medicamentos, alimentação desequilibrada. Por tudo isso recomendo aos nossos leitores e leitoras: venham participar desse programa”.

Mirtis Preus, da Paróquia Evangélica IECLB de Cachoeira do Sul – RS, escreve: “Fazer o Jejum e Desintoxicação uma vez por ano é para mim um presente que dou para o meu corpo, para a minha mente e minha espiritualidade. São dias preciosos em que nos desligamos do automático e da agitação do dia a dia para desfrutar de uma serenidade e uma conexão com Deus; é um tempo de celebração, pois nossos pensamentos são de gratidão pela vida recebida. Nesse retiro de jejum e desintoxicação podemos refletir sobre os nossos objetivos de vida, fazer uma avaliação. É também um tempo de celebrar a amizade, rever pessoas queridas e favorecer ainda mais o elo de amor no grupo. Nada em nossa vida é por acaso e vivenciar estas experiências com outras pessoas é gratificante. Sou muito grata por sermos acolhidas e de nos ajudar a perceber as possibilidades em nossas vidas”.

Casos de cura no Programa Jejum e Desintoxicação

1)    Dor de cabeça crônica. Num determinado encontro uma experiência nos surpreendeu. Era o dia de chegada. Cada integrante do grupo se apresentou, foram dadas as instruções gerais e todos os participantes levados às acomodações. Uma pessoa participante imediatamente se recolheu ao seu aposento, pois já chegou com dor de cabeça. Com o passar dos dias a dor e o mal-estar aumentou. A pessoa não conseguiu participar dos momentos de celebração, reflexão e partilha. Dor de cabeça, vômito e diarreia em todo o tempo. No último dia, ao raiar do sol, a pessoa se levantou, caminhou na praia, tomou seu banho, vestiu-se e entrou na sala de reuniões, dizendo: “Gente querida, eu sou um novo ser. Estou muito bem e sem dores. Quero agradecer ao grupo pela paciência comigo nesta semana. Eu estava precisando deste tempo para mim. Agradeço pelas orações, que me ajudaram muito. Eu estava com forte intoxicação e consegui ter a firmeza e paciência de passar pelo processo de limpeza interna”.

2)    Perdão 1. Em certa ocasião, como sempre, iniciamos o Retiro de Desintoxicação e Jejum com cantos, reflexão com base em textos bíblicos e com as orientações gerais. Depois partimos para a primeira refeição, constituída de uma fruta, e sugerimos um descanso. Desta vez, porém, veio da parte de uma família, da qual participavam três pessoas, o casal e um filho, o pedido para conversar mais um pouco. A conversa finalizou com alguém deles dizendo: “Durante esta semana precisa acontecer algo entre nós, família”. Na reunião de uma das noites a reflexão girou em torno do tema “perdão”. E na manhã seguinte a família trouxe o seguinte relato: “ontem de noite, depois da reflexão em grupo, onde o tema foi o perdão, nos reunimos como família e conversamos até o amanhecer. Depois de muita conversa, choro e abraços, podemos dizer hoje que somos uma nova família. Há alguns anos passados houve acontecimentos que atrapalharam nosso relacionamento, houve muito sofrimento, mas agora passou. Houve perdão”.

3)   Perdão 2. Em outra ocasião, outra região e outro encontro, o tema era o mesmo: Perdão. Duas pessoas que se conheciam e já tinham sido muito próximas e amigas, tinham se separado e há bastante tempo não se falavam e não se viam. Agora estavam num mesmo encontro, mas não tinham se cumprimentado. No último dia do encontro, na reunião da manhã, as duas entram na sala e antes de sentarem, uma disse: “Aqui neste encontro aconteceu um milagre. Nós estávamos afastadas há dez anos. Um desentendimento nos afastou e nunca mais nos falamos e nem nos vimos. Aqui nos encontramos sem planejar e assim nos reaproximamos e perdoamos. Queremos ser amigas outra vez e reaproximar também nossas famílias. Queremos ficar próximas em vida e aproveitar o tempo e talvez recuperar o que perdemos.

4)    Autoestima. Mais uma semana de Jejum e Desintoxicação. O encontro inicia como sempre com apresentação do grupo, canto e reflexão. Uma das participantes se apresenta com tom de voz baixíssimo e sem olhar para o público. Passou a semana toda recolhida, sem se enturmar, fazendo seu trabalho manual separada do grupo. Assim como chegou, saiu. Mas voltou a participar nos próximos encontros. Lá se vão alguns anos e ela continua participando. Aos poucos foi se tornando mais participativa. Seu último relato: “Gente, quero dizer que hoje não sou mais aquela pessoa que vocês conheceram quando comecei a participar dos encontros. Eu me transformei. Claro que tenho minhas limitações, mas vocês me ajudaram a perceber e entender que sou gente, tenho valor, tenho qualidades e sou inteligente”. Hoje se trata de uma pessoa que participa, conversa com todos e manifesta sua opinião.

5)      Ou já está ou vai ficar. Sabemos que o bom funcionamento dos intestinos é de grande importância para o bem-estar, a saúde e a vida. Vale a afirmação: se o seu intestino não funciona bem, você vai ficar doente ou já está doente. A experiência mostra que é preciso insistir nesse assunto em nível de comunidade, grupo e indivíduo.

Numa reunião de grupo de mulheres apareceu o depoimento de alguém cujos intestinos só funcionavam com medicação há 20 anos. O grupo que se reunia mensalmente decidiu no início do ano perseguir o objetivo de fazer funcionar os intestinos de todas e promover uma desintoxicação por intermédio da alimentação. Para atingir o objetivo proposto foram desenvolvidas temáticas divulgando importância e forma do consumo de farelo de trigo, semente de linhaça e 2 litros de água diariamente. Quando os resultados começaram a aparecer, foi agregada a proposta da fabricação e do consumo de pó de carvão vegetal. Cada mulher voltou para a sua casa com 300gr de carvão vegetal produzidos evidentemente a partir de madeira adequada. As atendentes do Posto de Saúde local se tornaram instrumento indicador de eficiência da iniciativa, pois constataram significativa baixa na procura por atendimento.

Na celebração de encerramento da atividade no final do ano houve o seguinte depoimento: “Quero compartilhar minha experiência e dizer que meus intestinos estão funcionando 100% e que neste ano não tomei mais remédios. Fiz as contas de quanto dinheiro economizei e o total deu um valor mais alto do que a minha família costuma contribuir anualmente com a igreja. Fico feliz que a igreja tem esse tipo de atividade que ajuda o povo”.

6)  Rosácea. Trata-se de um problema de pele que aparece quase sempre no rosto com manchas vermelhas que incomodam pela aparência e pela coceira. Quando uma participante de grupo apresentou este problema, a primeira constatação foi mau funcionamento intestinal. Conversamos em grupo sobre o assunto. Orientamos acrescentar frutas, verduras, sementes e mais água ao seu dia a dia. Sugerimos abster-se de farinha e açúcar brancos, de embutidos e refrigerantes. Ela optou também por fazer a auto-hemoterapia. Em menos de seis meses a rosácea desapareceu, mas retornava sempre que se descuidava na prática da dieta. Concluiu então que a doença se manifesta no desequilíbrio alimentar.

7)     Psoríase. É uma doença autoimune que se manifesta na pele de várias formas e em diversos partes do corpo. Aqui falamos de um caso que atingiu o couro cabeludo e ia passando para o rosto. A pessoa acometida participava das reuniões quieta e de cabeça baixa, fazendo o cabelo cair no rosto encobrindo o sinal da doença. Estava tão afetada pela doença que evitava abraços e proximidade com as pessoas. Ao final de um encontro veio conversar em particular e uma de suas frases foi: “Eu quero ajuda, eu preciso de ajuda”. A conversa durou uma hora e meia e ela mostrou-se muito disposta a seguir orientações. Para dar tempo para um aprofundamento sobre o assunto, foi marcado um novo encontro. Neste foi constatado, como no caso da Rosácea, que ela não tomava água e tinha o intestino preso. As orientações, portanto, foram as mesmas. A surpresa veio três meses depois quando ela apareceu de cabelo preso, maquiada e veio correndo ao encontro para um abraço.

Finalizando
Curar-se, evitar doenças ou manter-se saudável pode até não ser só uma questão da fé e do espírito que move as pessoas, mas é certamente algo dependente disso. Por isso finalizamos este artigo com a provocação de como, concretamente em uma atividade, pode-se protagonizar a fé e o espírito na construção e manutenção da saúde.

Nosso corpo tem a forma que tem por causa da necessidade de movimento. Nossas pernas em forma de forquilha com duas fortes articulações no vértice, envolvendo os dois ossos mais longos e uma forte bacia de encaixe, só faz sentido com o imperativo do movimento. Dizer não ao movimento quer, por isso, dizer agir contra as características do corpo humano. Precisamos, pois, tratar o sedentarismo como doença. E esta doença é curada pela fé. Negar-se ao movimento é contrariar a obra de Deus, que é o nosso corpo.

Uma das formas mais simples e baratas de movimentar-se com a finalidade de livrar-se de doenças e evita-las é a corrida. Hoje existem inúmeras pesquisas confirmando os benefícios desta atividade física no combate de importantes doenças contemporâneas. A título de exemplo, podemos acessar pela internet o e-book “30 benefícios da corrida comprovadas cientificamente”, que oferece links para pesquisas realizadas.

Correr, entre outras coisas, quer dizer desenvolver o assoalho pélvico. Nosso movimento de pernas desenvolve a musculatura dessa área de tal forma que adquirimos boa resistência à pressão que vem de cima devido ao nosso corpo ereto. Como está em questão a sustentação da coluna vertebral, estamos falando do eixo do corpo, portanto, de um centro. Por isso muitas doenças estão associadas a um assoalho pélvico fraco. E neste sentido existe uma importante lista de prevenção e cura de doenças relacionadas com a corrida: ajuda a enfrentar o estresse diário, produz relaxamento porque tem o poder de reduzir a atividade do córtex frontal; estimula os receptores do prazer, melhorando o humor; melhora o ânimo e funciona como antidepressivo; regula a pressão sanguínea; diminui o nível de açúcar no sangue; aumenta o metabolismo; aumenta a confiança, melhorando a imagem corporal; aumenta os níveis de cortisol, melhorando a memória e a atenção; capacita a lidar melhor com emoções negativas; queima calorias mesmo após a corrida; melhora o sono; favorece o crescimento de novas células cerebrais, melhorando a aprendizagem e assimilação de novidades de vida; ajuda a mudar hábitos de vida, como o alimentar e o tabagismo; Além disso, quem pratica a corrida inspira outras pessoas a mudarem seus hábitos; melhora o autocontrole e facilita, portanto, as escolhas, diminuindo necessidade de arrependimento e o sentimento de culpa; diminui a propensão a distúrbios psicológicos, pois mantem a mente focada por causa da melhora da atenção; melhora os níveis de energia corporal e promove a queda da fadiga; eleva a libido; ajuda a saúde cardiovascular; valoriza a atividade meditativa, pois quem corre passa mais tempo consigo mesmo; depois de muito tempo de corrida o corpo produz substâncias químicas que ajudam a esquecer a dor física.

Resta, pois, adquirir a capacidade da prática regular. Como pode alguém chegar à disciplina de correr diariamente? Trata-se de uma decisão de fé. As primícias pertencem a Deus. “Se as raízes de uma árvore são oferecidas a Deus, os galhos também são dele”, diz o apóstolo Paulo em Romanos 11.16. Se as primeiras horas do dia ou as últimas, na proporção de 10%, forem dedicadas a Deus na forma de uma corrida que beneficia a nossa vida, criação de Deus, com tudo o que está dito no parágrafo anterior, então haverá saúde pela fé.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Ficar parado contradiz a natureza

Por Leonídio Gaede

Considero o equilíbrio sobre duas pernas uma grande façanha do ser humano. Pode estar nisso não só um princípio de sobrevivência, mas também de aperfeiçoamento do viver. Uma mistura de motivos tornou-nos bípedes. A necessidade de disputar alimento é um deles. Enfrentar concorrentes e predadores adaptou nosso corpo à prática de apanhar frutas no pé, ampliando a fronteira do mercado de oferta do alimento e adquirindo vantagem sobre seres que permaneciam restritos ao ato de comer frutas do chão.
 Além disso, erguer a parte dianteira do corpo mais que dobrou a nossa estatura. Isso ampliou o campo de visão enormemente. Passamos a olhar por cima do capim da savana e vislumbramos nosso inimigo predador a uma distância maior. Isso desenvolveu a reflexão sobre o leque de possibilidades de nossas ações: enfrentar, afastar, desviar ou esconder.
Em terceiro lugar, colocar-se de pé modificou a estrutura do pescoço e da coluna vertebral. Segurar a cabeça com o pescoço em posição vertical possibilitou modificações que sofisticaram a emissão de sons. Isso se associou à liberação da língua do bruto serviço de catar alimento, coisa assumida pelas mãos. Encurtando o caso, desenvolvemos nosso corpo e nossa mente por um misto de necessidades e novas perspectivas.
Temos a forma que temos por causa da necessidade do movimento. A forma de forquilha com duas fortes articulações no vértice, envolvendo os dois ossos mais longos e uma forte bacia de encaixe, só faz sentido com o imperativo do movimento. Dizer não ao movimento quer, por isso, dizer agir contra a natureza. As aves também se tornaram bípedes quando destinaram os membros superiores ao voo. Elas, porém, não têm o final do tubo digestivo e nem do aparelho reprodutor entre as pernas na parte inferior do corpo. A complexidade da musculatura que nas aves foi para as asas, para nós foi para o assoalho pélvico. Nosso movimento de pernas desenvolve a musculatura dessa área de tal forma que adquirimos um assoalho capaz de resistir à pressão que vem de cima devido ao nosso corpo ereto. Essa desvantagem de carregar a pressão que vem de cima é muito pequena, tendo em vista a grande vantagem que adquirimos com a possibilidade do movimento em relação à pressão que vinha dos lados, de nossos concorrentes e predadores.
Não só a forma do corpo, mas também o regime alimentar que adotamos é adaptado à necessidade do movimento. Ingerimos alimentos para constituir-se em energia a ser consumida pelo movimento. Não havendo este, os alimentos tendem a encapsular nossas vísceras com gordura.
Não procuro provar a cientificidade do que acabo de afirmar acima. Só sei que o neurobiólogo Humberto Maturana, chileno, com o seu jeito de aplicar psicologia à biologia, convenceu-me a ser um corredor de rua. Para ser isso, a convicção se faz necessária. Ela constrói a força de vontade. Drauzio Varella diz que não costuma alongar-se antes de sua corrida matinal, pois ficar esse momento por aí poderia representar o risco de voltar para a cama. É mais ou menos isso. Há mais de dez anos, meu relógio desperta-me às 6h da manhã e ainda o mantenho longe da cabeceira da cama para não correr o risco de desliga-lo e voltar a dormir. Também por isso busquei reforçar minha convicção com a reflexão sobre as primícias da vida que pertencem ao Senhor com base em textos como, por exemplo, Provérbios 3.9 e Romanos 11.16. Resolvi ofertar os primeiros 10 por cento das horas do meu dia na forma de atividades que mantêm e melhoram a obra de Deus que é a minha vida. Assim veio a convicção. Ela só, porém, não bastou. Depois dela veio o reforço da sensação de prazer. Toda corrida é seguida de uma enorme sensação de prazer. Querer voltar a ter essa sensação, que acrescenta qualidade de vida ao dia, faz a gente voltar a correr no dia seguinte. Em terceiro lugar, estão os resultados. Entre estes, os clínicos são importantes. É compensador receber apenas elogios do médico que analisa o resultado da bateria de exames do check-up.

Há, porém, outros resultados igualmente gratificantes que interferem na qualidade de vida: o bom funcionamento intestinal, a manutenção da boa percepção de lateralidade, o equilíbrio e a noção de distância, coisas que tendem a diminuir com o avanço da idade. Também a capacidade de concentração e a paciência são desenvolvidas pelo hábito da corrida. Afinal de contas, nem sei o que exige mais nesse nosso modelo de vida comandado pela pressa: resistir fisicamente numa maratona ou ter paciência de repetir ininterruptamente o mesmo movimento durante duas horas, como foi o caso da minha última meia maratona em Tubarão (SC).

LEONÍDIO GAEDE é teólogo, mestre em
Teologia e ministro da IECLB em Itati (RS)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A pedido, eis a receita



RECEITA PARA LIMPEZA INTERNA
Horário
Quantidade
Descrição



18:00
15g
200ml
Sal amargo em
um copo de água fria ou gelada



20:00
15g
200ml
Sal amargo em
 um copo de água fria ou gelada



22:30
100ml
100ml
Suco de limão puro
Azeite de oliva virgem





Misturar e tomar
Ir para a cama e ficar deitado/a
o maior tempo possível
Dia seguinte
06:00
15g
200ml
Sal amargo em
 um copo de água gelada



08:00
15g
200ml
Sal amargo em
 um copo de água fria ou gelada

Garrafas plásticas



O bisfenol A é um produto químico que está presente em policarbonatos. Estes são encontrados em garrafas plásticas reutilizáveis e em mamadeiras, recipientes plásticos que podem ser usados em micro-ondas e em uma grande variedade de recipientes com interior de plástico, tais como latas ervilha e milho verde e também nas chaleiras elétricas. Quando células do câncer de mama humano são expostas a doses de bisfenol A (BPA) correspondentes aos níveis frequentemente encontrados no sangue das pessoas, as células não respondem mais à quimioterapia. (David Servan-Scheiber, Anticâncer, p.15)